sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

A cor vinho...

Há uma gota de vinho. Um ponto roxo sobre a blusa branca. até então impecável...
Os sentidos embaralham as letras... Mas o sentido é claro: “It’s a beautiful lie... It’s a perfect denial... so beautiful!”
Os sonhos mesclam com a realidade. O que esperar? O que desejar?
O passado mescla com o presente: O que se deseja? Um sonho? Uma sensação? Um sentimento?...
No fim... Não há letra que impere a não ser o caractere:  “?” !

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Um dia.

Uma festa. Todos nela. Revejo ex-colegas da escola. Um lugar amplo. Uma remessa aos tempos escolares. Flertes. Todos comprometidos. O desejo por desejar. O desejo por reencontrar. O desejo de ser. O desejo de estar.

Sinto uma vontade incontrolável de ir ao banheiro. Tudo alagado. E eu descalça. Encontro um onde posso pisar. Mas o assento é um mictório. Tento fazer em pé mas o jato vai todo para frente. Não é mais um mictório. É o canteiro da sala da ex-coordenadora que agora coordena o colégio da minha filha. A vontade é demais. Ela terá que me desculpar. Perco o equilibrio e encosto a mão que segura o absorvente no chão. O mijo saindo para frente e molhando todo o escritório.... Deve ser por isso que tudo já está molhado. Me coloco de frente para o canteiro mas continuo a respingar.

Acordo e a vontade de ir ao banheiro só piora. Decido levantar. Meu irmão anuncia que estão a caminho para me tirar da cama. Resmungo. Me arrumo. Saio. Resmungo. Debocho. Ironizo.... Até que, curiosamente, me sinto bem. Resolvo aproveitar. Me divirto. Aproveito.

Em casa meu santuario foi profanado. O anúncio de alguém que queria me incomodar. Os sinais estão por todo o quarto. No sofá. No espelho. O espelho... De uma imagem misturada. De alguém que não sabe se sou mãe, se sou filha, se sou errada, se sou organizada... Imagem misturada. Reclamo? Reclamei.

Latido. Violento. Imprevisto. Avassalador. "Você nunca está errada! Sou eu o errado! Vocês só sabem me criticar!" (...) Mas... Não reclamei. Eu pronunciei. Pensei. Em voz alta. No deboche. Num lapso. Não era apenas um pensamento, afinal?!?

Como assim eu nunca estou errada?!?! Era eu quem estava em pauta? De repente... O espelho! E mais uma vez o pensamento sai em voz alta. Atônita! Perplexa! Sua ação é minha reação! Recuo. Com orgulho ferido, mas recuo. Não sou eu quem está em pauta. Ele está falando com um espelho! Não é sobre mim. Não sou eu. É um espelho! Minha reação é uma ação. Sua ação é minha reação. Espelhos!

Se a rua já era um pensamento, virou uma ação. A maquiagem não pode ser desperdiçada. Make up your mind! GO!

Revejo. Repenso. Analiso. Me analiso....

Viver, repetir e elaborar!

Um cisne. Dois cisnes... e a perfeição não pode ser controlada! Ação, reação, frenesi... É hora de parar. E analisar! Frenesi! Seu desespero é o meu. Estão falando?!?! Eu estou falando?!?! Sou eu ou ela quem está vivendo o ritmo, a dança, a psicose?!?

Frenético! Alucinante! Perturbador!

Sou eu, vivendo!

quarta-feira, 21 de maio de 2008

ÃH? AH! HA! É? EHHHHH... ÃH?

Há.... um socorro. Lamento. Sempre. Constante. Ininterrupto.
Há... um grito. Lascinante. Estridente. Irritante.
Há... um sorriso. Estúpido. Deborrado. Cortante.
Há... alguns sonhos. Amassados. Rasgados.

AH!
A...
HA!
Há...

Ah! A vida... esta joça corrida. Esta privada entupida... (E A filha HÁ de reclamar!).

E...
É.
EH!
HE!

É... o sebo, o limo... escorregadio...
E... eterno. Imortal. Massante.
EH!
É isto...
E nunca aquilo...

E? .... (...) ...

Ãh? ... (...) ...

É... Pra ser dito, o que não precisa sequer ser lido?

Ahhhhhhhhhhh! A vida...

HA!

sexta-feira, 25 de abril de 2008

E (...)

E quando parece que quão mais ativos os pensamentos, mais se escondem as palavras?...
E quando parece que quão mais ricas as informações, mais lhe faltam os versos?...
E quando parece que quão mais se tenta ocupar o tempo, maior se torna a oficina do diabo?...
E quando parece que quão menos se quer sentir, mais consegue enxergar?...
E quando parece que quão menos se quer enxergar, mais se consegue sentir?...
 
E onde tudo isto vai parar?
E (...) Parará?

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Tempo



O tempo é algo muito engraçado: ora se tem aos baldes, ora há uma falta que beira ao desespero.
Por muito tempo fiquei sem tempo para fazer nada, pensar em nada... Mas mudar de empresa é sempre um problema!
Eu gosto de mudanças... Quase tanto quanto gosto de rotinas. Algo meio controverso, uma vez que as rotinas sugerem processos que não mudam com facilidade. Porém mais simples de entender do que se parece: Mudar significa renovar... renovar, dentre outras as coisas, a rotina. Criar novos processos... reformular a própria rotina de modo a otimizar as coisas.
Gosto desse movimento! Ele, por si só, é quase uma rotina em minha vida. Rotina, tal, que tem se renovado a cada dois anos, mais ou menos.
Mas o grande problema dessa rotina, em especial, é a fase inicial: adaptação. Ter a paciência de esperar o momento certo de agir. Analisar sem tirar conclusões precipitadas. Reavaliar a minha postura e traçar novas reações às situações que não mudam junto com as circunstâncias. Tolerar o que o meu espírito se nega aceitar.
Saber gerenciar o meu tempo de modo a não criar problemas. Transformá-lo em prazer, venha ele de onde vier...
Pq tempo é o que me sobra atualmente... Ao menos dentro da empresa. Mas tolerância.... essa é uma amiga que me abandonou há tempos!

sábado, 22 de setembro de 2007

Sumiço

Tem momentos em que o mundo parece ter acabado de aprender o seu nome como uma criança que descobre uma nova palavra. De repente todos passam a pronunciá-lo ao mesmo tempo exigindo atenção, foco, resolução e presença. Quando isso acontece os prazeres da vida são deixados de lado e acabamos sumindo de perto das pessoas queridas.
 
Tem momentos em que o corpo e a mente pedem um recesso, um tempo para analisar as últimas experiências, os últimos acontecimentos e as últimas sensações. Um momento de auto-avaliação que se estende pelo tempo que o sistema biológico determina. Quando isso acontece os prazeres da vida são deixados de lado e acabamos sumindo de perto das pessoas queridas.
 
Tem momentos em que o mundo, a mente e o corpo pedem ao mesmo tempo pelo seu nome, atenção, foco, resolução e presença. Quando isso acontece.... Sumiço!

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Fantasmas são imortais!

Passado. Uma palavra que deveria exprimir algo que ficou para trás. Que aconteceu e teve seu fim já decretado. Algo que deveria ficar aonde deveria estar... no passado! Mas parece que as coisas não funcionam assim. Parece que algumas coisas viram fantasmas ao invés de passado. E esperam a luz do dia se apagar para assombrar. Tal qual uma criança, você aprende a dominar, a conter, mas nunca a excomungar.

Eis que um belo dia você acha que todos os seus medos foram enfim exorcizados. E ao invés de montar guarda junto às janelas da sua alma esperando para se defender de algo que não é exterminado por alhos, crucifixos ou balas de prata, você resolve sair pelas ruas escuras e descobre um meio de viver entre a escuridão. Mas o medo que antes lhe paralisava e agora parece esquecido, este não se acalma. Não sem antes visualizar os restos mortais do seu inimigo. Porém seus inimigos são fantasmas! E fantasmas não têm alma, não têm corpo, não tem restos... Imortais... Fantasmas são imortais! Restos imortais que sussurram às esquinas escuras. E o medo remete os sussurros aos ouvidos em ecos familiares. Ecos do passado. Ecos fantasmagóricos.

Ao final da rua impera um cartaz. Luminoso, imponente, austero. Um cartaz em branco enorme e inspirador. Mas suas letras são escuras e pequenas. Você então resolve caminhar em marcha lenta, fugindo dos sussurros, ignorando os ecos... E transforma o medo em meta. Foca a mente num único objetivo: chegar até o cartaz iluminado. Eis que numa destas noites escuras você enfim alcança seu objetivo. E como numa reação de suplica, se ajoelha aos prantos, cansado, inferiorizado, humilhado, derrotado diante de um cartaz que diz: Fantasmas são imortais!